Dualidades
Se uma parte de ti diz, vai!
Outra parte de ti dirá, fica!
Se uma parte de ti diz, arrisca!
Outra parte te dirá, fica quieta!
…E assim, se vai vivendo a vida…
Uma vida envolta na neblina do sentir.
Onde te deixas ficar entre o ir e o não ir.
Entre o arriscar e o aquietar.
Porque sair da zona de conforto, pode ser um exercício quase cruel.
Lateja na alma o medo absurdo de não ser capaz, de falhar, de fracassar.
De, a certa altura, e perante a dificuldade, olhar para trás, sem conseguir avançar.
E perdidas nesta dualidade, vão ficando muitas vidas. Vidas que vagueiam à deriva, num limbo.
Que vagueiam simplesmente pela vida, sempre à procura do sentido da própria vida.
O medo da dor é terrível. Tão terrível, que a mente cria uma espécie de anestesia. Um torpor de quem vai seguindo pela vida, com medo de sentir.
Mas será isso viver?
Serão de verdadeira alegria, todos os sorrisos que vemos estampados nos rostos?
Ou serão apenas sorrisos de uma alegria aparente, de uma felicidade morna, de uma existência constante…
Dou por mim, muitas vezes a questionar a vida. Não posso deixar de a questionar.
A questionar as escolhas que faço, os caminhos que escolho…
Olho para trás e vejo muitas pedras. Pedras essas, que tornaram mais agreste o meu caminho, mas que ao mesmo tempo, me revestiram os pés, de um calo mais forte, mais resistente.
Não me arrependo das vezes que tentei, das vezes que arrisquei. Das vezes em que me dobrei sobre mim, perante a dor da derrota. Das vezes em que tive vontade e desistir, mas persisti.
Se isso tornou o meu sorriso mais alegre, não sei…, mas sei que hoje é mais verdadeiro, mais límpido de incertezas.
Dualidades…, essas existirão sempre. Porque o caminho não tem fim. O caminho sou eu e o meu caminhar.
E nesse caminho, muitos cruzamentos surgirão. Cruzamentos esses que me farão parar. Em que a dualidade se fará presente, em que novamente me irei questionar…, arriscar ou aquietar…?